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iFood Bloqueou Minha Conta, o Que Fazer

  • Foto do escritor: Mota Tobias
    Mota Tobias
  • 25 de mar.
  • 4 min de leitura

O bloqueio de contas de entregadores por plataformas digitais como o iFood tem gerado crescente inquietação entre os trabalhadores que dependem desses aplicativos para sua subsistência. 


De forma repentina, muitos se veem impedidos de acessar suas contas, sem qualquer explicação clara ou oportunidade de defesa. 


A situação é especialmente delicada quando o aplicativo representa a principal ou única fonte de renda do trabalhador. 


Diante desse cenário, surgem dúvidas legítimas: o que pode ser feito? Há alguma forma de contestar esse bloqueio e retomar o direito ao trabalho?


Veja o que fazer diante de um bloqueio do iFood.
Veja o que fazer diante de um bloqueio do iFood.

Por que minha conta no iFood foi bloqueada?

O bloqueio de contas de entregadores no iFood tem se tornado um tema cada vez mais recorrente nos tribunais brasileiros. 


Muitos trabalhadores relatam que foram impedidos de acessar a plataforma de forma abrupta, sem aviso prévio ou justificativa clara, violando a Constituição Federal – Art. 5º, incisos XXXV e LV


Art. 5º (...)

XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;


Em geral, a empresa alega uma suposta violação dos “Termos de Uso”. 


No entanto, na maioria dos casos, essa violação não é especificada, restando ao entregador apenas uma mensagem padrão, enviada por sistema automatizado. 


Isso levanta sérias dúvidas sobre a transparência do processo e sobre o direito do trabalhador de saber exatamente o motivo do desligamento, especialmente considerando que, para muitos, o aplicativo representa sua única fonte de renda.

O iFood pode bloquear entregadores sem explicação?

Embora o contrato de adesão firmado entre o iFood e o entregador preveja cláusulas sobre condutas vedadas, é inegável que qualquer punição aplicada deve seguir os princípios básicos do direito, como o contraditório e a ampla defesa. 


O simples fato de a plataforma alegar “violação dos termos” não é suficiente para justificar a exclusão de um trabalhador. 


O bloqueio automático, sem a chance de defesa, contraria o dever de boa-fé contratual e desrespeita a função social do contrato. 


Assim, ainda que a empresa tenha o direito de gerir sua plataforma, isso não pode ocorrer de forma abusiva ou discriminatória.


O que a Justiça tem decidido nesses casos?

As decisões judiciais recentes têm sido cada vez mais favoráveis aos entregadores, reconhecendo o caráter abusivo de bloqueios genéricos e sem motivação concreta. 


A jurisprudência também tem aceitado a aplicação da “distribuição dinâmica do ônus da prova”, impondo à empresa a obrigação de apresentar documentos e registros que comprovem, de fato, alguma infração contratual. 


Isso reforça a proteção dos direitos fundamentais do trabalhador.

O entregador tem direito a indenização?

Sim, em muitos casos o Judiciário reconhece o direito à indenização por danos morais quando o bloqueio se dá de forma indevida, inesperada e sem justa causa. 


A perda abrupta da renda, a angústia psicológica, o sentimento de desamparo e a frustração de não conseguir sequer uma resposta objetiva da empresa são fatores que contribuem para o reconhecimento do dano moral. 


Além disso, quando o trabalhador consegue comprovar que o bloqueio causou prejuízos financeiros relevantes, como inadimplência em contas ou necessidade de ajuda familiar, também pode haver condenação por danos materiais ou lucros cessantes. 


Cada caso, contudo, deve ser analisado individualmente.


É possível reverter o bloqueio sem ir à Justiça?

Na prática, são raros os casos em que o iFood reativa a conta após simples reclamações feitas pelo aplicativo ou por e-mail. 


Muitos entregadores relatam que, após o bloqueio, receberam apenas respostas automáticas, sem nenhum canal efetivo de diálogo ou apelação. 


Essa postura dificulta a resolução administrativa do problema e acaba forçando o trabalhador a buscar o Poder Judiciário. 


No entanto, antes de entrar com uma ação judicial, é recomendável reunir todas as provas possíveis, como capturas de tela do aviso de bloqueio, histórico de entregas, comunicações feitas com a plataforma e qualquer outro documento que comprove a regularidade do serviço prestado.


Como ingressar com uma ação contra o iFood?

Para ajuizar uma ação contra o iFood, o entregador pode procurar um advogado de sua confiança ou buscar atendimento gratuito na Defensoria Pública, se não tiver condições financeiras. 


A ação costuma ser proposta como uma “obrigação de fazer cumulada com pedido de perdas e danos”, ou seja, requerendo a reativação da conta e indenização pelos prejuízos sofridos. 


É importante destacar que, mesmo que o entregador não seja formalmente empregado, ele é parte vulnerável na relação contratual, o que permite ao juiz aplicar normas protetivas do Código de Defesa do Consumidor ou do Código Civil, especialmente em relação à boa-fé e à lealdade contratual.


Como evitar bloqueios futuros no aplicativo?

Embora nem sempre seja possível evitar bloqueios, manter um histórico de entregas positivo, agir com educação e pontualidade e evitar conflitos pode reduzir as chances de sofrer punições. 


Além disso, é fundamental documentar o próprio trabalho, salvando relatórios, prints de avaliações e mensagens com o suporte. 


Caso haja qualquer problema com uma entrega, o ideal é comunicar a plataforma formalmente. 


Por fim, é importante conhecer os seus direitos. Muitos entregadores desconhecem que podem questionar judicialmente a conduta do iFood e garantir a preservação de sua renda e dignidade profissional diante de atitudes arbitrárias da empresa.


É importante lembrar que as informações aqui apresentadas não substituem a orientação jurídica personalizada, e para obter informações mais detalhadas sobre o assunto tratado neste artigo, é aconselhável consultar um advogado especialista. 


Nossa equipe está pronta para oferecer serviços de consultoria e assessoria para clientes em todo o Brasil. Para entrar em contato, basta nos enviar uma mensagem no What'sApp


Além disso, se você tiver dúvidas sobre outros assuntos relacionados ao direito do consumidor, acesse nosso Blog Jurídico.


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