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Estagiário Pode Ter Meta?

A atribuição de metas a estagiários levanta questões relevantes no âmbito da legislação trabalhista. 


O estágio, regulado pela Lei nº 11.788/2008, visa complementar a formação acadêmica, mas como delimitar o que é aprendizado e o que ultrapassa esse propósito? 


A linha entre as exigências pedagógicas e as características de uma relação empregatícia pode ser tênue, especialmente quando há cobranças por resultados. 


Neste artigo, exploramos os aspectos jurídicos dessa prática e os cuidados necessários para evitar problemas legais para empresas e estagiários.

metas no trabalho
Entenda melhor até onde o estagiário pode ser cobrado por metas.

O que a Lei do Estagiário diz sobre metas?

A Lei do Estagiário não proíbe explicitamente o estabelecimento de metas, mas exige que a relação seja pautada pelo caráter educacional. 


Qualquer obrigação imposta ao estagiário deve estar alinhada com o plano de atividades previamente definido. 


Metas rígidas ou exigências excessivas, comuns em contratos trabalhistas, podem caracterizar subordinação e desvirtuar a finalidade do estágio. 


Nesse cenário, a empresa pode ser obrigada a reconhecer o vínculo empregatício, com direitos como registro em carteira, pagamento de férias e outros encargos trabalhistas.

Quando a meta pode descaracterizar o estágio?

A meta pode descaracterizar o estágio quando imposta de forma coercitiva, especialmente se vier acompanhada de cobranças excessivas, sanções ou pagamento de comissões. 


Esses elementos indicam subordinação, que é uma característica de vínculos trabalhistas, e não de estágios. 


Por exemplo, um estagiário cobrado por resultados diários, com supervisão direta e condições similares às de um empregado, pode alegar que sua função extrapola o aprendizado acadêmico, exigido pela legislação. 


Isso pode gerar consequências graves, como a conversão do estágio em contrato de trabalho.


Estagiário pode receber comissão por metas atingidas?

O pagamento de comissão a estagiários não é ilegal, mas deve ser analisado com cautela. 


A prática pode ser vista como um indício de vínculo empregatício, especialmente se as metas impostas se tornarem condição para manutenção do contrato. 


Além disso, o pagamento por desempenho pode desvirtuar o caráter educativo da relação e dar margem a uma reclassificação jurídica, obrigando a empresa a arcar com direitos como aviso prévio, FGTS e 13º salário. 


Portanto, é crucial que a remuneração do estagiário respeite as regras previstas no termo de compromisso.

Os riscos de impor metas incompatíveis ao estágio

Impor metas incompatíveis pode trazer diversos riscos legais à empresa. Se o estagiário comprovar a existência de subordinação, cobrança excessiva ou condições que extrapolem a carga horária permitida pela lei, a relação poderá ser judicialmente reclassificada. 


Isso inclui a obrigação de pagar retroativamente benefícios trabalhistas, multas administrativas e até indenizações por danos morais. 


Para evitar esses problemas, é fundamental que o estágio seja sempre acompanhado por um supervisor responsável, que assegure a compatibilidade das metas com o plano de atividades.


Como você está vendo, a linha do limite da cobrança de um estagiário é bem tênue. 


Para essas e outras questões é extremamente válido a contratação de uma consultoria trabalhista, para oferecer toda ajuda e suporte necessário para essas situações mais delicadas. 


Abordamos este assunto no artigo Consultoria Trabalhista, sugerimos a leitura para que você entenda a necessidade desse serviço na sua empresa.


Como alinhar metas ao caráter educacional do estágio?

Para evitar desvirtuar o estágio, metas devem ser compatíveis com os objetivos educacionais do estudante. 


Em vez de exigir resultados típicos de um contrato de trabalho, a empresa pode adotar metas que incentivem o aprendizado e a aplicação prática do conhecimento acadêmico. 


Por exemplo, um estagiário de marketing pode ser incentivado a desenvolver campanhas criativas, sem a pressão de alcançar métricas rígidas de vendas. 


Essa abordagem preserva o caráter pedagógico do estágio e protege a empresa de eventual descaracterização da relação.


Estagiário tem direito a férias?

Independentemente de metas, o estagiário tem direito a férias proporcionais após 12 meses de contrato, conforme determina a Lei do Estagiário. Esse direito é garantido pela legislação como forma de assegurar o equilíbrio entre estudo e trabalho. 


Caso o estágio seja remunerado, as férias devem ser pagas com a bolsa-auxílio correspondente. Importante lembrar que a concessão de férias é obrigatória e não está condicionada ao cumprimento de metas, sendo um direito fundamental do estagiário.


Conclusão

A definição de metas para estagiários é uma questão delicada, que exige equilíbrio entre as necessidades da empresa e os objetivos educacionais do estudante. Respeitar as diretrizes da Lei do Estagiário e adotar boas práticas na supervisão são passos fundamentais para evitar problemas jurídicos e fortalecer a relação entre empresa e estagiário.


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