A recente captação de R$105 milhões pelo Atlético Mineiro, por meio da emissão de debêntures de sua Sociedade Anônima do Futebol (SAF), representa um marco no financiamento de clubes esportivos no Brasil.
Essa emissão, inédita para clubes-empresa no país, sinaliza uma nova era no acesso do futebol ao mercado de capitais.
Com a dívida do clube sendo considerável, a utilização de debêntures incentivadas para quitar compromissos financeiros e alongar prazos é uma alternativa moderna e eficaz.
Mas o que isso significa para o futuro do futebol brasileiro? Vamos entender o impacto desse movimento inovador.
O que são debêntures incentivadas e por que são importantes para o futebol?
Debêntures incentivadas são títulos de dívida emitidos por empresas que buscam captar recursos para projetos específicos, geralmente voltados para setores estratégicos, como infraestrutura ou, no caso dos clubes de futebol, a quitação de dívidas e investimentos no próprio clube.
No caso do Atlético Mineiro, a SAF utilizou debêntures com vencimento em 2027, oferecendo aos investidores uma taxa de retorno de CDI mais 3,50% ao ano. Esse tipo de emissão oferece incentivos fiscais ao investidor, tornando-se uma alternativa atraente em comparação a outras formas de captação de recursos.
Como as SAFs estão mudando o cenário do futebol no Brasil?
A criação das SAFs, regulamentadas pela lei 14.193/2021, permite que clubes de futebol sejam organizados como sociedades anônimas empresariais.
Isso abriu novas portas para o financiamento, permitindo que clubes tenham acesso a recursos via mercado de capitais, como o Atlético Mineiro fez.
Tradicionalmente, os clubes brasileiros buscavam fundos através de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), como o exemplo do Cruzeiro, que captou R$3 milhões com o FIDC Zorro.
No entanto, com as SAFs, a emissão de debêntures incentivadas surge como uma forma mais robusta e estruturada de captar recursos, trazendo benefícios fiscais e maior segurança jurídica para os investidores.
Quais os benefícios das debêntures para os clubes de futebol?
Os benefícios da emissão de debêntures incentivadas para os clubes de futebol são diversos. Primeiro, o clube pode captar recursos de forma eficiente, pagando taxas de juros competitivas em comparação a outras formas de financiamento.
No caso do Atlético Mineiro, os recursos obtidos serão usados para pagar dívidas e alongar o perfil financeiro do clube, reduzindo a pressão sobre as finanças no curto prazo.
‘Além disso, a emissão de debêntures oferece uma estrutura legal clara e permite que o clube tenha maior previsibilidade em relação aos pagamentos de suas obrigações financeiras.
Como as debêntures incentivadas afetam os investidores?
Do ponto de vista do investidor, as debêntures incentivadas são uma oportunidade interessante de investimento, especialmente por causa dos benefícios fiscais oferecidos.
Ao investir em debêntures de clubes-empresa, como as emitidas pelo Atlético Mineiro, o investidor tem a possibilidade de obter retornos competitivos, com uma taxa de CDI mais 3,50% ao ano, ao mesmo tempo em que se beneficia da isenção do Imposto de Renda sobre os rendimentos, algo comum em debêntures incentivadas.
Isso torna esse tipo de investimento atraente para investidores que buscam diversificar seus portfólios com títulos de renda fixa.
Qual é o impacto da SAF e das debêntures incentivadas no mercado de capitais?
A entrada dos clubes de futebol no mercado de capitais, por meio das SAFs, representa uma mudança significativa no financiamento esportivo no Brasil.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) vê com bons olhos essa estrutura empresarial no futebol, pois permite que o setor acesse instrumentos sofisticados do mercado financeiro, como fundos de investimento e debêntures incentivadas.
O presidente da CVM, João Pedro Nascimento, destacou que o futebol organizado de forma empresarial deve se integrar ao mercado de capitais, utilizando essas novas ferramentas de financiamento para garantir sua sustentabilidade financeira.
Uma alternativa eficiente para os clubes endividados
Para clubes que enfrentam grandes dívidas, como o Atlético Mineiro, as debêntures incentivadas oferecem uma solução eficiente.
Em vez de depender exclusivamente de receitas de bilheteria, patrocínios ou direitos de transmissão, os clubes podem recorrer ao mercado financeiro para captar recursos, pagando suas dívidas de forma organizada e com prazos mais alongados.
No caso do Atlético, sua dívida foi reduzida de R$2,1 bilhões para R$1,3 bilhão após a criação da SAF, e a emissão de debêntures ajudará a manter a saúde financeira do clube nos próximos anos.
O que o futuro reserva para o financiamento de clubes de futebol?
A emissão de debêntures incentivadas pelo Atlético Mineiro abre caminho para que outros clubes-empresa sigam o mesmo caminho. Com a criação das SAFs e o crescente interesse do mercado de capitais no setor esportivo, é provável que mais clubes explorem esse tipo de financiamento.
Além disso, com a estrutura financeira do Brasil preparada para receber a indústria do futebol, conforme afirmou o presidente da CVM, o uso de debêntures incentivadas deve se expandir nos próximos anos, fortalecendo o futebol brasileiro e permitindo que os clubes invistam em melhorias e crescimento de longo prazo.
Em conclusão, a emissão de debêntures incentivadas pelo Atlético Mineiro representa um marco no financiamento esportivo no Brasil, mostrando que o futebol organizado como SAF pode acessar o mercado de capitais de maneira eficiente e sustentável.
Os benefícios fiscais e a estrutura clara das debêntures incentivadas fazem delas uma alternativa atrativa tanto para os clubes quanto para os investidores, indicando um futuro promissor para o setor.
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