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A Luta pelo Direito à Creche: Como a Justiça Brasileira Garante Vagas para Crianças?

  • Foto do escritor: Mota Tobias
    Mota Tobias
  • 29 de dez. de 2024
  • 4 min de leitura

O acesso à educação infantil, especialmente em creches e pré-escolas, é uma questão que afeta milhares de famílias brasileiras. 


Apesar de garantido pela Constituição, o direito à educação básica muitas vezes esbarra em limitações práticas, como a falta de vagas e infraestrutura adequada. 


Diante disso, muitos recorrem à Justiça para assegurar esse direito essencial. Mas como o sistema jurídico brasileiro tem enfrentado esses desafios? Quais impactos essa luta pode trazer para crianças, famílias e a sociedade? Descubra como a Justiça tem moldado o futuro da educação infantil no Brasil.

Entenda mais sobre o direito à creche.
Entenda mais sobre o direito à creche.

O que diz a Constituição sobre o direito à educação infantil?

A Constituição Federal de 1988 estabelece que a educação é um direito fundamental, assegurando prioridade absoluta para crianças e adolescentes. 


Art. 227, caput: "É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão."


No caso da educação infantil, a obrigatoriedade do Estado em oferecer vagas em creches (0 a 3 anos) e pré-escolas (4 a 5 anos) foi reforçada por decisões judiciais recentes. 


O entendimento é que normas constitucionais sobre educação básica possuem eficácia plena, ou seja, podem ser aplicadas de forma direta e imediata, sem depender de regulamentação pelo Legislativo. 


Essa garantia visa superar desigualdades sociais e promover o pleno desenvolvimento infantil.


Por que a decisão do STF sobre creches é tão significativa?

Em setembro de 2022, o STF fixou um entendimento de repercussão geral que consolida o dever do Estado em oferecer educação infantil, possibilitando sua exigência judicial por ações individuais. (Supremo Tribunal Federal, Recurso Extraordinário (RE) 1008166, Tema 548, julgado em 22 de setembro de 2022.)


A decisão não apenas reconhece o direito à educação como essencial, mas também considera inadmissível a alegação de falta de recursos pelos municípios para justificar a ausência de vagas. 


Ao obrigar o Estado a priorizar políticas públicas voltadas à infância, a Corte reafirma que a omissão estatal constitui ato ilícito. 


Essa determinação amplia as possibilidades de responsabilização dos entes públicos, incluindo pedidos de indenização, reforçando o papel ativo do Judiciário na defesa dos direitos sociais.


Como funciona a judicialização do direito à creche?

A judicialização desse direito ocorre quando famílias buscam a Justiça para garantir vagas em creches para seus filhos. 


Advogados especializados têm desempenhado papel fundamental nesse processo, ajuizando ações individuais para reivindicar o cumprimento das obrigações estatais. 


A decisão do STF fortalece esse caminho, ao confirmar que o direito à educação básica não está sujeito à discricionariedade dos gestores públicos. 


Além disso, órgãos como o Núcleo da Infância e Juventude (NUDIJ) têm adotado procedimentos administrativos para mapear déficits de vagas e monitorar os orçamentos municipais, garantindo uma atuação estratégica tanto em ações preventivas quanto em litígios judiciais.


De que forma o direito à creche contribui para a igualdade de gênero?

A ausência de creches impacta diretamente a vida das mães, que historicamente assumem maior carga no cuidado dos filhos. 


A ministra Rosa Weber, ao votar no STF, destacou que a falta de vagas não é apenas uma violação do direito infantil, mas também um obstáculo à liberdade e à igualdade de gênero. 


Sem acesso a creches, muitas mulheres ficam impedidas de ingressar ou retornar ao mercado de trabalho, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade. 


O reconhecimento desse direito, sob a ótica do constitucionalismo feminista, reforça a necessidade de políticas públicas que promovam a autonomia feminina e o equilíbrio nas responsabilidades familiares.


Quais desafios persistem na implementação desse direito?

Embora a decisão do STF seja um marco, os desafios para sua implementação são inúmeros. 


Muitos municípios enfrentam déficits históricos na oferta de vagas em creches e alegam limitações orçamentárias para atender à demanda crescente. 


Além disso, há desigualdades regionais que afetam o acesso à educação infantil, com localidades periféricas sendo particularmente prejudicadas. 


A ausência de infraestrutura adequada, falta de profissionais capacitados e horários incompatíveis com a realidade de famílias de baixa renda são barreiras adicionais. 


Superar esses entraves exige um esforço coordenado entre União, estados e municípios, com alocação eficiente de recursos e fiscalização contínua do cumprimento das metas educacionais.


O que a sociedade ganha com a ampliação de vagas em creches?

Garantir vagas em creches não é apenas um investimento no futuro das crianças, mas também uma medida com impactos positivos na sociedade como um todo. 


A educação infantil promove o desenvolvimento cognitivo, emocional e social dos pequenos, reduzindo desigualdades desde os primeiros anos de vida. 


Para as famílias, representa alívio financeiro e maior estabilidade, enquanto para as mães é uma oportunidade de avançar em suas carreiras ou sair do trabalho informal. 


A longo prazo, essa política contribui para a redução da evasão escolar, aumento da produtividade econômica e fortalecimento das comunidades, gerando um ciclo virtuoso de inclusão e crescimento.


Como exigir o direito à educação infantil?

Os cidadãos podem exigir esse direito tanto por vias administrativas quanto judiciais. Inicialmente, é possível formalizar um pedido de vaga diretamente ao município, documentando a negativa, caso ocorra. 


Quando o direito não é atendido, advogados podem ajuizar ações para assegurar o cumprimento da obrigação estatal. 


Com a decisão do STF, o respaldo jurídico é ainda mais robusto, permitindo a cobrança judicial com base na repercussão geral da tese firmada. 


É importante lembrar que as informações aqui apresentadas não substituem a orientação jurídica personalizada, e para obter informações mais detalhadas sobre o assunto tratado neste artigo, é aconselhável consultar um advogado especialista. 


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